O sistema de cicatrização do corpo humano é incrivelmente potente, capaz de cicatrizar a grande maioria das feridas, sejam elas desencadeadas por traumas ou cirurgias.
Em alguns casos, após um pequeno trauma, surgem feridas ulceradas ou escurecimento de um dedo, e nesses casos, nosso organismo se encontra impossibilitado de promover a cicatrização, provocando a permanência do ferimento ou até seu crescimento. Essa paralização no sistema de cicatrização ocorre, na maioria das vezes, pela ação de um fator inibidor, e o fator que mais frequentemente dificulta a cicatrização são as alterações na circulação.
O problema circulatório, que é a causa da maioria das úlceras localizadas nos membros inferiores, é decorrente de uma dificuldade no retorno venoso promovida por fatores genéticos, trombose na veia, profissões que ficam muito tempo em pé ou sentado e ausência de atividade física regular, que em conjunto ou isoladamente, agem dificultando com que o sangue retorne e acabe se acumulando nos membros, provocando assim o aparecimento das chamadas úlceras venosas.
O diabetes é a segunda causa mais frequente de feridas que não cicatrizam. Ele age de várias formas tanto no sistema circulatório como em outros sistemas, provocando maior risco para infecções, perda da sensibilidade dolorosa, fazendo com que complicações graves não sejam alertadas pela dor, problemas na microcirculação e, as vezes, obstrução a passagem de sangue nos vasos maiores, além dos problemas ósseos. Devido a integração de todos esses efeitos o pé diabético se tornou motivo de grande estudo e preocupação pois essa população apresenta maior risco para a perda de um membro, seja um dedo ou até mesmo a perna.
A causa circulatória mais grave, chamada de isquemia crítica, é muitas vezes silenciosa, o que acaba retardando o diagnóstico e levando a amputações maiores como as de coxa. Nesses casos, em decorrência do fumo, diabetes, colesterol elevado e outros fatores, as artérias que levam o sangue rico em oxigênio e nutrientes começam a apresentar obstáculos à passagem deste, as chamadas estenoses, ou, até mesmo a obstrução total do vaso, impedindo assim a passagem do sangue e fazendo o membro sofrer com a falta de oxigênio e nutrientes, levando a dores intensas e ao surgimento de áreas escuras e pretas no pé ou até mesmo em um ou mais dedos. Essa obstrução se assemelha a que ocorre no coração quando o paciente tem um infarto, sendo necessário cateterismo para identificar quais vasos da perna se encontram com problema e assim programar o restabelecimento do fluxo necessário a cicatrização, seja por angioplastia ou ponte de safena.
Essas são as três causas mais frequentes e importantes para que os ferimentos não cicatrizem, porém existem muitas outras, tais como aquelas placas pretas que se formam em pacientes acamados, as chamadas escaras, e que são na verdade ulceras por pressão sendo decorrentes da falta de suprimento sanguíneo em áreas que permanecem em contato com superfícies por longo tempo, não havendo a mudança de decúbito que permita a oxigenação da área.
Sendo assim, o tratamento desses ferimentos deve ser realizado por equipe treinada para que possa identificar os possíveis fatores que estejam agindo para que a ferida não cicatrize, atuando tanto no tratamento da ferida em si como na identificação dos fatores que estão promovendo a piora e assim encaminhar ao médico quando necessário.